[Belo Horizonte] Dos tempos dos clubes e dos automóveis.

Há tempos, sendo um historiador da cidade, ansiava por visitar e tomar partido de um primoroso e elegante jantar no Automóvel Clube. Pensava que deveria ser uma noite de elegâncias múltiplas que deveria ser vivida com moça de fina estirpe e com pompas e refinos. E foi.

Já sondava via palavras o dia do jantar. Ensaiei algumas idas e até visitei o lugar em um dia com banda ao vivo - sensacional se tiver sorte - e um dia, um belo dia por assim dizer, resolvi ir pós espetáculo do Grupo Corpo, no Palácio das Artes, continuar a fantástica noite em uma mesa do Automóvel. Noite repetida pós Kirov com seu Lago dos Cisnes (perceba, noite de pompas - o leitor mais fraco de emoções sentiu inveja, o tranquilo planejou fazer algo parecido).

 A decoração lembra em muito os bares e restaurantes argentinos

Logo na entrada uma desconfiança, pois estava tendo uma festa e ficou a dúvida: "será que o restaurante estava funcionando? E se sim, não atrapalharia o jantar?" Sim, o restaurante estava a funcionar e não, em hipótese alguma você percebe que logo abaixo pessoas se acabam ao sabor do uísque enquanto cambaleiam tortos como suas gravatas para lugar nenhum.

Pois bem, chega-se de elevador! Um antiquíssimo elevador, anda-se em tapete vermelho e é recepcionado por um garçom que está ali a pelo menos 12 anos, o dono da casa. Na entrada um pessoal saia aflito dizendo: "que lugar vazio!!!", eram de alguma idade e pareciam frequentadores assíduos do lugar.

Um lugar com finesse e classe como poucos pela cidade.

Mesas à vontade, escolhi uma e recebi o cardápio codificado, onde cada número tem o correspondente no gabarito atrás com o preço. Mas não se desespere, tem o genérico, juro, chamam o cardápio de genérico. Fui logo atendido e o garçom seria o responsável por toda a nossa noite, do confortável atendimento à feitura de uma massa flambada com ares de espetáculo mágico.

A decoração lembra em muito os restaurantes argentinos, com muita pompa e finesse, além de aparadores e talheres de prata. No som - não era noite de música ao vivo - de bregas da década de 80 à música disco. Os preços são excelentes, a qualidade da comida boa, as bebidas em preço ok e o programa imperdível!!!

O prato sempre muito bem servido.

Um prato serve perfeitamente dois e já vem dividido caso seja pedido, não deixe de provar a famosa banana flambada, não provei, mas tem fama. 

Finesse meus caros, finesse! Ponto negativo para a velhinha frequentadora de séculos (e séculos mesmo) que olhava com ares de reprovação essa classe média que agora janta onde quer. Engole essa tia! (E por favor, de maneira distinta!).

Onde fica o Automóvel Clube de Minas Gerais:

Avenida Afonso Pena, 1394
Centro
Tel.: 31-32225416
http://www.automovelclubemg.com.br/
Gasta-se alguns 110 reais sem dividir, uma massa e com uma garrafa pequena de vinho.

Comentários

  1. Não sabia que tinham um restaurante aberto ao publico!!
    Será que falta-me finesse!

    Vou la conhecer!!!
    bjos
    otimo texto!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A etiqueta muito além do penduricalho na bagagem.

[Belo Horizonte] Surpreendente alegria.

[Terni] Corações que aquecem na fria cidade medieval.